terça-feira, agosto 31, 2004

Estou cansada.
Cansada desta falta de certezas, certezas que hoje sei inalcançáveis.
Cansada de chover.
Cansada desta falta de ar, da falta do amor que já se foi.

É ingrato este jogo. Não há nada de certo, nunca. Não se sabe o que seja ganhar ou perder. Não lembro de ter sido consultada antes de o jogo começar. Não se sabe o que há no final. O que vale é jogar por jogar.

Estou cansada.
Cansada de chover.
Cansada do cansaço.

Não vejo nada à frente além do medo e do cansaço, mas nunca sabemos, certezas não nos são permitidas.

Estou cansada da falta de ar, do nó na garganta.
Estou cansada desta dor que não se disfarça. Não tenho dor de cabeça, dor de barriga, dor de ouvido. Só tenho dor de garganta quando a chuva não pode cair e uma puta dor de alma. Uma dor que não tem a delicadeza de se disfarçar, se faz sentir a todo custo. E o custo é grande.

Estou cansada de não querer a noite quando ela chega, e o silêncio do qual não tenho como fugir. De não querer o dia quando ele vem. Estou cansada de não querer a noite e de não querer o dia, e a noite, o dia, a noite, o dia, a noite...

Estou cansada, muito cansada.

Peço desculpas pela franqueza, mas nesta falta não há espaço para o mais ou menos.