quarta-feira, dezembro 24, 2008

Foto: Cintia Bracht



Chegou o natal.
Primeira ceia de natal na minha própria casa (que não se confunda com minha casa própria...hihihi).

2008 foi um ano de crescimento incomensurável.
Saí da casa da minha mãe, adotei uma gata, dirigi meu primeiro trabalho, vomitei coelhinhos, dancei trabalhos que me proporcionaram muito amadurecimento, aprendi a gostar de mim dançando, cantei em cena pela primeira vez, encontrei amigos de verdade, mantive amigos queridos por perto, encarei minha solidão, me abri pra diversas experiências novas, pintei o cabelo loucamente, me achei bem c todas as versões de cabelo (true beauty is not in the face; true beauty is a light in the heart), fiquei loira aos poucos sem perceber nem planejar, mudei de casa de novo, me diverti pra caralho, dancei no pau de puta e beijei meu amigo gay convicto, cê sabe quem eu sou?, minha gata chegou viva e sem maiores problemas até o fim do ano, diferentemente de todas as plantas que eu tentei ter, choro cada vez menos, e vejo cada vez mais coerencia nas minhas escolhas e ações.
A Luiza que começou 2008 era muito diferente da que está aqui escrevendo hoje. Acho que melhorei. Cresci. Me abri mais pro mundo.
Crises costumam ser grandes oportunidades de transformação e de crescimento. Botei minha crise no chinelo. A crise foi grande, e o crescimento diretamente proporcional.

Vemnimin, 2009!
Estou cercada de pessoas queridas, construindo a minha casa, costurando bolsas que vão revolucionar o mundo (hihihi), arte saindo por todos os poros e entrando a cada inspiração. Cresceeeeeeendo no espaço, encontrando na vida o prazer que encontro na arte.

Agradeço imensamente a cada um de vocês. Vocês sabem quem são, os que à distância ou bem de perto, o tempo todo ou ládevezemquando fizeram (fazem) parte de mim. Damos uma parada para as festas, e voltamos com tudo em 2009.

Em comemoração a todo esse processo, este blog volta a ser público. Meu chinelo verde, pra quem quiser ver.

Coelhinhos pulam dentro de mim, querendo sair. E em vocês?

terça-feira, novembro 18, 2008

Aniversário.
O amargo se suspende por alguns instantes.
E volta. Ele sempre volta.
Mas hoje se suspende por alguns breves instantes, cada vez que eu lembro da data: 18 de novembro. Adoro esta data. Às vezes também odeio.

Há poucos dias, eu reclamava de uma espécie de anestesia que me tomava. Ela se foi, pro bem e pro mal. Volto a sentir tudo, com a intensidade que eu bem conheço. Nenhum meio-termo.

Neste momento, to num café perto da minha casa (minha internet não funciona desde ontem...). Gosto deste café, de poder escrever vendo a rua e o vento e as árvores. Gosto daqui.
Hoje eu choro no café. O garçom não deve estar entendendo nada. Choro por ter lido mensagens de amigos que me tocaram, e por ter sempre este amargo que só descansa por breves instantes.

18 de novembro é uma data mágica. Me causa uma faísca interna que não sei explicar. Ajuda a sentir, acima de tudo. Tudo se torna mais agudo. Sim, mais ainda... Para os que me conhecem, deve dar pra imaginar o drama todo...hihihi

Nas primeiras horas deste 18 de novembro, descobri algo perturbador. Descobri que preciso de menos para ficar razoavelmente bem. Passei as primeiras horas do meu aniversário assistindo tv, sozinha na sala, com a minha gata dormindo enrolada do meu lado. Não posso dizer que seja o meu ideal, mas também não me causa a tristeza que me causaria há algum tempo.
Descobri que a minha expectativa com as coisas e com a vida diminuiu. Perturbador.

Quis escrever pra celebrar a data comigo mesma.
Pra terminar, a letra de uma música do último cd do Ney Matogrosso(mito absoluto):

Lema
Ney Matogrosso
Composição: Carlos Rennó E Lokua Kanza

(Ioba iê)

Não vou lamentar
a mudança que o tempo traz, não
o que já ficou para trás
e o tempo a passar sem parar jamais
já fui novo, sim
de novo, não
ser novo pra mim é algo velho
quero crescer
quero viver o que é novo, sim
o que eu quero assim
é ser velho.

Envelhecer
certamente com a mente sã
me renovando
dia a dia, a cada manhã
Tendo prazer
me mantendo com o corpo são
eis o meu lema
meu emblema, eis o meu refrão

Mas não vou dar fim
jamais ao menino em mim
e nem dar de, não mais me maravilhar
diante do mar e do céu da vida
e ser todo ser, e reviver
a cada clamor de amor e sexo
perto de ser um Deus
e certo de ser mortal
de ser animal
e ser homem

Tendo prazer
me mantendo com o corpo são
eis o meu lema
meu emblema, eis o meu refrão
Eis o meu lema
meu emblema, eis minha oração
Eis o meu lema
meu emblema, eis minha oração

(Ioba iê)

domingo, novembro 02, 2008

Tudo por um fio.
A busca por sentido me leva cada vez para mais longe do que aprendi como possibilidade de vida real.
Não consigo dar sentido à maneira como a vida adulta deveria ser, no sentido mais socialmente aceito.
Me assusto.
O socialmente aceito é a única referência de que disponho. Mentira.
Tenho medo de pensar nas outras referências, elas me parecem arriscadas, audaciosas, instáveis demais.
Sinto que estou me aproximando do momento em que vou ter que aceitar a radicalidade do que acredito. E viver de acordo com a minha verdade.
Nietzsche disse: "Torna-te quem tu és".
Estou me tornando quem sou. Radicalmente. Ainda me falta um bom pedaço de caminho, mas sempre falta. Não acredito na possibilidade de uma resposta definitiva. Pelo resto da vida, acho que vou continuar me tornando quem sou a cada momento. É importante manter este pensamento presente.
A pergunta que não quer calar: é possível me tornar quem eu sou e ser feliz ao mesmo tempo?
Ou o inverso: é possível ser feliz sem me tornar quem eu sou?
Perguntas, sempre perguntas... A resposta de uma charada é sempre outra charada.
No meu mundo, costuma ser assim. É mais interessante aprender a lidar com isso do que tentar fugir.

É preciso alguma coragem. Ela está vindo, aos poucos e em ondas.
Hoje assisti "Na natureza selvagem". Fiquei perturbada. Em alguns momentos me sinto a um pequeno passo desta radicalidade. O filme me deu no meio. E me levou a uma nova-não-tão-inédita questão.
Num dado momento do filme, me veio novamente a idéia de chamar alguém pra sair pelo mundo. Não qualquer alguém, uma pessoa que costumava ter este mesmo impulso de liberdade, e que muito recentemente deixou de ser a segunda-pessoa-destinatário-oficial dos meus textos.
Enfim, eu estava pensando nisso quando o cara do filme pulou no rio de uma altura terrível pra mim. Me deu um frio na barriga. Lembrei de um sentimento muito conhecido: o medo da perda. O medo que me fez por muito tempo tentar deixar o meu mundo o mais seguro possível, descartar riscos, e cercar de cuidados esse alguém. Mantê-lo o mais próximo possível, o mais seguro possível, até que nós dois ficássemos imóveis de tanto medo.
Me é insuportável a idéia de perder alguém que amo, da maneira que for. O pavor da perda faz com que amar, pra mim, não seja uma experiência minimamente tranquila.

Incompatível. É essa a palavra. Incompatível ser livre e amar desse jeito. Disso eu já sabia.
A questão é que eu não acredito no isolamento como única alternativa para encontrar as próprias verdades. Não para mim. Eu preciso de pessoas, os afetos são grande parte do meu mundo, da minha possibilidade de dar sentido.

Me perco ao escrever, querendo dizer o necessário sem dizer demais, principalmente no que diz respeito a outras pessoas. Me enrolo toda. Dou voltas, correndo o risco de me perder em detalhes ou de não dizer o suficiente por medo de dizer demais. De qualquer maneira, todo esse blablabla se resume em uma pergunta (eu avisei...): como conquistar a liberdade da minha verdade e não me privar de afetos?
Espero atingir esse equilíbrio. Algum dia, não precisa ser hoje.
Descobrir a maneira de amar e me importar sem que isso me cause tanto medo. Sem que isso me paralise. Seguir meu próprio caminho ao lado de outras pessoas que também seguem seus caminhos. Suportar o que isso implica. Tornar as despedidas menos trágicas.
Enfim... O que me resta é a boa e velha tática da tentativa e erro. Levo comigo as melhores intenções.

quinta-feira, junho 05, 2008

Alice:Olho de flor

Alice mora no mundo das desmaravilhas. Desmaravilha pra quem vê através do espelho, maravilha é.
Alguém um dia precisa contar a Alice a beleza que ela não sabe ver, ensinar a cuidar da beleza delicada que desenha - sem saber - com cada um de seus passos.
Enquanto esse alguém não vem, ela continua seu caminho, continua cuidando das flores que finge não ver já mortas. E procura, procura sempre, sempre o perfume colorido que ela suspeita existir.
Alice não sabe de onde vem, nem como ou quando foi que seu riso morreu. Continua sempre andando, procurando, perdida, perdida.
(Mas se Alice aprendeu algo na vida, foi a disfarçar. Aprendeu cedo, e bem. Ninguém suspeita as desmaravilhas que ela inventa com seu olhar.)
Quem a vê, atravessa o espelho para alcançar a beleza que ela, ocupada ocultamente com suas desmaravilhas, não se atreve a imaginar.
Ela (perdida, perdida) ao se ver refletida no sorriso encantado de quem a vê, se encanta com o sorriso. E fica ali, olhando pelo tempo que conseguir, a beleza que ela não sabe que é sua. E que por não ser sabida, aumenta.

Alice gosta das flores e do espetáculo que é vê-las morrer. Admira, nestes pequenos pedaços de absurdo, a existência de um tempo próprio, inabalável.
Ninguém se atreve a ordenar que a flor se abra, este é um espetáculo que com muita sorte e paciência é dado assistir. Assim é com a morte de uma flor.
Esta beleza, Alice conhece bem - aprendeu com o tempo a ler os sinais que o vento dá de que uma flor começa a morrer. Apressada, ela corre pelo mundo das desmaravilhas buscando chegar a tempo de assistir o precioso último ato na vida de um pedaço de absurdo.


Alice ainda não sabe, mas seu destino é abrir-se como uma flor. Ela própria, insuspeita, é um destes seus amados pedaços de absurdo.
Alheia ao espetáculo que oferece a quem tiver olhos para ver, segue desenhando seu caminho de labirinto.
Olho de flor lentamente se abre para o mundo, levando o tempo suficiente para que não se saiba abrindo.

Sem querer, quase sem perceber, assim como se respira, Alice engravida o mundo de absurdo.

quarta-feira, maio 14, 2008

cansei de ser carolina.
pra quem quiser ver a vida passar na janela, deixo a minha vaga.

se alguém perguntar por mim, diga que eu fui por aí.

sábado, maio 10, 2008

Algo nela era novo quando ela passou pela mesma velha porta. Havia algo vagamente diferente na maneira como ela preenchia o espaço que lhe era destinado no mundo. O recheio havia mudado silenciosamente dentro das velhas roupas.
Entrando no mesmo prédio, no mesmo elevador, na mesma sala, ainda assim havia algo de novo em cada gesto dela. Ela procurara o novo, e ele agora a tomara sem avisar, deixando-a com o frescor e a angústia de mandar no destino à sua frente.
Suas roupas e suas coisas ainda eram memórias de outros tempos. Eram sua caixa de recordações que lembrava o que fora, até há muito pouco. Cada uma das bolinhas de sua saia de bolinhas carregava um segredo seu, sussurrado ao ouvido de quem ousasse se aproximar. E muitos se aproximaram, ansiosos por beber amores inventados no movimento das suas pernas.
Cada momento, mesmo esse momento em que entrava na sala, era de escolha. Escolha entre o que vai e o que fica. Respostas sucessivas à pergunta que ela repetia para si mesma incessantemente: que partes do que foi ainda sou?

terça-feira, abril 01, 2008

É um pouco brega sim... mas eu sou brega, e daí? dor de amor é brega, e daí? quem nunca sentiu que atire a primeira pedra.

Me assusto com a identificação que rola com algumas músicas, poemas, etc... Me sinto unida à humanidade nessas horas.

Aí vai: (grifo meu)


Descansa Coração
Nara Leão
Composição: Simons & Marques / Alberto Ribeiro

Cansei de tanto procurar
Cansei de não achar
Cansei de tanto encontrar
Cansei de me perder

Hoje eu quero somente esquecer
Quero o corpo sem qualquer querer
Tenhos os olhos tão cansados de te ver
Na memória, no sonho e em vão

Não sei pra onde vou
Não sei
Se vou ou vou ficar
Pensei, não quero mais pensar
Cansei de esperar

Agora nem sei mais o que querer
E a noite não tarda a nascer
Descansa coração e bate em paz

domingo, março 23, 2008

tenho tanta coisa pra dizer.... e tão pouca...
saber que dizer não adianta de nada me faz ter vontade de deixar pra lá e dormir além do alcance..
como diria o poeta, "meu órgão de morrer me predomina"...
vontade de ir embora, ir embora, ir embora...
não te aguento mais em mim... tenho vontade de te dizer tanta coisa, mas não adiantaria de nada... há muitos dias tenho uma música na cabeça... na real uma frase de uma música: "é que eu preciso dizer que eu te amo, te ganhar ou perder sem engano..." não te aguento mais em mim. te li dizendo que esqueceu. vejo todos os rostos que te agradariam no lugar que é teu e eu invadi desastrada. não posso evitar de lembrar: "eu, agora, que desfecho/ já nem penso mais em ti/ mas será que nunca deixo/ de lembrar que te esqueci?"
tem muitos dias em que volto a ser tua, tenho medo, medo. neste momento sou tua. de que adianta?
cansei de andar na rua te procurando. com medo de ti e do teu esquecimento, do teu riso sem mim. tenho medo, que medo de te querer.
quero mudar de cidade, de corpo, de planeta, de alma. não aguento mais.
te liguei, caí em tentação... de que adianta? o vazio já é grande demais entre nós... será?
malditas comédias românticas... ninguém merece crescer vendo essa merda... nos ensinam todo um mundo de mentira.
o fato é que me pego volta e meia pensando na nossa conexão cósmica, nos planos do universo pra nós... dá pra ser mais ridícula?
tem dias que não sei mais pra que lado ir... ainda moro aí contigo... sinto o cheiro da nossa casa, da nossa cama, de nós. entro no teu quarto enquanto tu dorme, te vejo na cama que eu conheço, na posição que eu conheço, com a respiração que eu conheço, o cheiro que eu conheço... tudo tão real e tão vago... tão longe...
não tenho coragem de te escrever essas coisas diretamente. não sei se é covardia mesmo ou só noção...hihihi... de que adiantaria te escrever isso? não sei de mais nada... vou deixar aqui, se tu chegar até aqui foi pq tu quis, né? assim não te invado e não deixo de dizer.
é... confusão é o meu nome do meio...
neste momento te amo muito, e talvez isso signifique te deixar pra trás.
te amo, te amo, te amo...