de vez em quando o vazio volta.
hoje estou especialmente crítica, e censuro todas as idéias antes mesmo que termine de formulá-las. o caminho até o teclado do computador torna-se absurdamente longo.
estou cansada de ser mulherzinha e cansada de ser rebelde.
mas parece que nunca termino de ser mulherzinha e chorar no escuro e querer ser amada e não me sentir sozinha, ser mulherzinha e querer ser notada, querer ser linda e perfeitinha, fingir ter bons modos e bons gostos, fingir uma cacetada de coisas pra ser aceita e me sentir aceita e me sentir amada.
e parece que não termino de ser rebelde, de brigar com tudo, de odiar mulherzinhas e todos seus jeitinhos, de mostrar a língua e ver meus filmes, ler meus livros, como se isso levasse à redenção.
tô de saco cheio da ilusão que nunca acontece e da merda toda que funciona à minha volta pra que eu não veja a realidade.
não sei direito o que to dizendo. que merda. talvez devesse ter dado ouvidos à censura.
terça-feira, maio 10, 2005
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Um comentário:
A censura é mulherzinha. Reduzir-se a não falar, ou proibir, fazer que não ouviu, que estava distraída e deixar a vida passar pelo outro lado do vidro: mulherzinha.
Deixar os livros falar por mim, os filmes de circuitos alternativos, as boas músicas que ninguém escuta: desdobrar-se em mulherzinha e algo que não se encaixe neste sentido.
Porque viver é necessariamente fazer sentido? ou perceber o sentido? Para que ser mulherzinha, perfeitinha, literata, modernista, preocupar-se em estar aqui ou não ir ali...
Deixar a vida mais livre, escutar, responder, gritar, xingar...
Fazer cena quando precisa, decidir e desfazer tambem quando der vontade...
Não ser mulherzinha e não deixar de ser uma simplesmente...
É a vida, a confusão entre tudo o que se quer, entre o que se critica e o que não se entende.
Estou contigo, num barco parecido...
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