quinta-feira, abril 08, 2010

Encontrei um texto que não sei quando escrevi:



Sinto a escrita dentro de mim. Ela se esconde muitas vezes. Mas a sinto. Preciso escrever.
Lanço ao mundo. Há muito por sair destes jardins que me habitam. Escrita. Costura. Dança. Voz.
Me sinto ligada ao que anseia por sair.
Ainda sou tomada por clarezas repentinas. Um movimento de mundo que me encontra e me faz mover. Desejo. Me lanço. É preciso. Sou impelida em direção a grandes pequenos movimentos.
Clareza repentina. Um sentido que parece poder ser tocado. Real. Presente. Certo.
Um passo rapidamente calculado. Frio na barriga. É para lá que o meu desejo aponta.
Ensaio tentativas de me amparar na razão. A cada pensamento uma sensação me arrebata. Uma grande clareza. Irreparável. É para lá. O caminho se faz repentinamente certo. Uma trilha se abre e me chama. Não vejo muito longe. Vejo o suficiente para os primeiros passos. Passos quase em paz. Algum medo do pedaço do caminho que se esconde além do meu olhar. Não me parece restar outra alternativa. Preparo os primeiros passos. Espero encontrar outras clarezas mais adiante.
Em pausa. Não creio que restará por muito tempo. A pausa de quem direciona o movimento com cuidado. Com zelo. Carinho, até. Sou tomada por um imenso carinho pelo pedaço de caminho que se apresenta. Suas pedrinhas, a areia, seu cheiro de mato. Observo atentamente, sem inquietação. Apenas contemplo. Estranha sensação de familiaridade com o inédito. Sensação de reencontrar a casa em um novo amor. Posso pisar com tranquilidade e firmeza. Encontro paz no novo.

Um comentário:

Fabi Pessanha disse...

Adorei este! "Sinto a escrita dentro de mim. Ela se esconde muitas vezes. Mas a sinto. Preciso escrever."
Sou eu! Rs